O Poder Oculto da Jabuticaba: Como a Casca, Antes Descartada, Combate Células de Câncer Colorretal
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A jabuticaba é uma fruta amada no Brasil, mas o que fazemos com a casca escura e rica em compostos bioativos? A palestra da Dra. Luana Maurer, apresentada no SLACAN 2025 (e disponível no YouTube), mergulhou exatamente nessa questão, revelando como a casca da jabuticaba se transforma em poderosos aliados contra o câncer colorretal após a digestão.
A seguir, você confere os pontos chave dessa pesquisa revolucionária sobre a Bioacessibilidade e Fermentação Colônica dos Compostos Fenólicos da Casca de Jabuticaba.
O Desafio da Bioatividade: O Corpo Transforma!
A jabuticaba é uma fruta nativa da Mata Atlântica e é reconhecida por sua riqueza em compostos fenólicos, como as antocianinas, e um alto teor de fibra alimentar [03:06]. No entanto, a Dra. Luana destaca um desafio crucial:
"Aqueles compostos que estão presentes ali na fruta, na casca da fruta, eles não necessariamente serão os responsáveis pelos efeitos benéficos, pelo menos não na sua forma original."
Isso acontece porque os compostos fenólicos passam por uma extensa biotransformação durante o processo digestivo. O composto que realmente traz o benefício à saúde é, muitas vezes, um metabólito (um derivado) da molécula original.
A Jornada da Casca de Jabuticaba até o Cólon
Para estudar o que realmente acontece no corpo, a pesquisa utilizou um modelo inovador que simula a digestão humana:
Digestão Estática Simulada: O pó da casca da jabuticaba foi submetido a simulações da digestão salivar, gástrica e intestinal, seguindo o protocolo Infogest.
Separação por Diálise: Nesta etapa, o material foi separado em duas frações: a bioacessível (que seria absorvida) e a não bioacessível (que continuaria até o intestino grosso).
Fermentação Colônica: A fração não bioacessível (rica em fibra e fenólicos) foi incubada com amostras de fezes humanas de doadores saudáveis, simulando a ação da microbiota intestinal.
Um destaque da metodologia foi o uso do sistema RFS Ankom, um equipamento tipicamente usado para estudos em ruminantes, mas adaptado para garantir a anaerobiose (ausência de oxigênio) e monitorar a produção de gases durante a fermentação humana.
Estudo de Caso 1: O Que a Microbiota Produz?
O primeiro estudo focou no que a microbiota faz com os compostos da casca (elagitaninos e antocianinas):
Novos Compostos: Com a fermentação, houve uma clara redução na diversidade de compostos e o surgimento de novos metabólitos. Os mais importantes foram as Urolitinas e o Ácido Protocatecúico.
Saúde Intestinal: O processo levou a um grande aumento na produção de Ácidos Graxos de Cadeia Curta (AGCC), essenciais para a saúde do cólon, estabilizando-se após 8 horas de fermentação.
Estudo de Caso 2: O Efeito Antitumoral
O segundo estudo deu um passo além, testando as amostras fermentadas em células de câncer colorretal (células HT29), inclusive em um modelo mais realista de cultura 3D (esferoides):
Inibição Potente: Foi observado um efeito antiproliferativo, com uma inibição celular máxima que chegou perto de 70%.
O Ponto de Ouro: O pico de inibição ocorreu entre 8 e 24 horas de fermentação [21:58]. Essa janela de tempo é crucial, pois sugere que a bioatividade máxima não vem das Urolitinas (que só aumentaram nas últimas horas), mas de outros metabólitos.
Metabólitos "Novos" e Chave: A análise quimiométrica associou a inibição a dois compostos, sendo um deles o dihidroxifenil c valerolactono, que não estava presente no pó da casca original, mas foi formado pela microbiota durante a fermentação.
Relevância In Vivo: O modelo de esferoides 3D exigiu mais tempo de fermentação para mostrar efeito, provando que é mais robusto e mais próximo da complexidade do organismo humano do que a cultura em monocamada.
Conclusão: Moléculas Menores, Ação Maior
A mensagem final da Dra. Luana Maurer é um resumo poderoso da importância desse tipo de pesquisa:
A maior parte dos compostos fenólicos são metabolizados, gerando compostos de menor peso molecular, que são mais bioacessíveis e mais biologicamente ativos.
Ao unir simulações de digestão com ensaios de bioatividade em células, a ciência consegue trabalhar com amostras que são "mais biologicamente relevantes" , garantindo que os resultados in vitro se alinhem muito mais com a realidade in vivo.
A pesquisa confirma o grande potencial da casca de jabuticaba, um resíduo agroindustrial, como uma fonte valiosa de nutracêuticos para a prevenção ou suporte ao tratamento de doenças como o câncer colorretal.
Você pode assistir à palestra completa no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=NTIRxoBRg7w




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